ARTIGO

Ribeirão Preto: A política de Nogueira no interior de SP

Há oito anos, Nogueira assumia a administração de Ribeirão. Hoje, em seus últimos respiros no executivo, o pensamento está no amanhã
Prefeito de Ribeirão, Duarte Nogueira, durante reunião | foto: Fernando Gonzaga

Em Ribeirão Preto, todos conhecem Duarte Nogueira. O atual prefeito da cidade é figura antiga da política municipal, e possui laços familiares com o comando da região, localizada no interior de São Paulo. E não é de menos. O sobrenome Júnior entrega as raízes do prefeito tucano. Em fácil relação nominal, pensa-se em Antônio Duarte Nogueira, o seu pai. Ex-membro do Arena (66-79), PDS (80,81) e PTB (81-90).

O médico de formação já assumiu a prefeitura em duas oportunidades, criou o CODERP (Companhia de Desenvolvimento Econômico de RP), a tão conhecida FEAPAM,  e a Transerp – agora denominada RP Mobi, pelo próprio filho. Além disso, assumiu cargo de suplente como deputado estadual e chegou a disputar a eleição de 1986 como senador, mas sem sucesso… Feito o contexto, seguimos.

Nogueira Júnior ocupa a cadeira da Prefeitura de Ribeirão Preto há sete anos, sucedendo o cargo deixado por Dárcy Vera. Mesmo com o longo período de mandato, o seu legado é construído aos 45 minutos do segundo tempo. O grande marco da gestão Nogueira está na mobilidade urbana, projeto que, em novembro de 2023, ainda se desenvolve.

Mobilidade em cheque

Há poucos meses, com claro atraso, iniciou-se as frotas com novos ônibus – zero quilômetro, wi-fi, ar-condicionado e mais. A promessa é de que 100% da frota seja renovada, mas ainda aguardamos por esta concretização. Os diversos corredores de ônibus, as novas ciclovias que estão se construindo, e a cereja do bolo – o túnel que liga a avenida Nove de Julho – que passa por restauração – à avenida Independência. Vale também lembrar do viaduto Profissionais da Saúde, de 2020. Essencial, mas bem feito!? O tempo dirá.

Por falar em lembranças, vale puxar na memória alguns dos anúncios. A polêmica Agrishow de 2023 foi recheada deles. Afinal, como deixar uma oportunidade dessa passar, não é mesmo? O futuro pede. Governador de São Paulo!? Vice!? ou então, ocupar o cargo que o pai não teve oportunidade, o de senador!? Conforme o próprio, em suas diversas centenas de entrevistas, todas as hipóteses são abraçadas e o fato é um só: A cada dia que passa, a Prefeitura está mais perto de se tornar uma lembrança das boas.

O presente

Enquanto as lembranças não chegam, entretanto, há de se pensar no presente. No período de produção deste texto, novembro de 2023, a cidade vive uma infestação de obras. Ruas tomadas no centro, avenidas com interdições e muita poeira para o delicioso arder maior que 30*C. Ao pensar num município a partir da tabela do Excel, pouco vale o impacto que isso pode causar na rotina de um município. Desde o início das obras na avenida nove de julho, avenida Independência, avenida Brasil, e agora na Francisco Junqueira, Jerônimo Gonçalves e outros tantos pontos não sofreram impactos em relação ao comércio? A mobilidade dos moradores?

Podemos esperar um tempo e poder aproveitar a melhoria causada por estes projetos? Tudo indica que sim, desde que não seja feita com pressa. Como exemplo, o túnel inaugurado em cerimônia do 7 de setembro, ainda com detalhes de obra em andamento. Uma única faixa, um único sentido. Há de se destacar ainda que, por fora, faixas e faixas e faixas pintadas no piso, e isso vale um cuidado. 

Viaduto Profissionais da Saúde, nome dado em homenagem aos serviços prestados por estes durante o período de combate do Coronavírus. Inegável a melhoria no fluxo do trânsito, bem como as críticas pela falta de cuidado com a qualidade do asfalto. Minha mãe sempre me alertou aos tons de um famoso ditado popular – a pressa é inimiga da perfeição, e por estas linhas faço o conselho.

Quando se fala de asfalto, é impossível não lembrar do trânsito. Caótico? Com certeza. O Centro da cidade é um cenário vivenciado por todos, então o comentário acontece a partir da rua Duque de Caxias. 

Centro problema

Em seu auge, a rua abraça aquele que, ao meu gosto, é o ponto mais bonito da cidade. Museu de Arte de Ribeirão Preto, Praça XV, Theatro Pedro II, biblioteca Sinhá Junqueira, o calçadão, Palacete Camilo de Mattos e companhia. Esse cenário acompanha um péssimo asfalto remendado e um fluxo desorientado. Acidentes em cruzamentos são frequentes, além das tradicionais colisões contra poste ou árvore e morte. Além da aplicação de multas, as autoridades competentes podem auxiliar no comando do trânsito?

Ainda pensando no Centro e nesta mesma rua, além do trânsito caótico, a desigualdade social grita contra a luz do espaço histórico. Pessoas que dormem na porta do banco, ao lado de uma biblioteca, da arte, e há pelo menos um ano e meio, vejo os mesmos rostos. Recentemente, a praça recebeu a tradicional Feira do Livro. A palavra principal desta edição: dualidade. O termo jorrava a realidade sem uma palavra escrita, mas um pixo no Mercantil dizia tudo: ‘a poesia salva vidas’.

Essas pessoas pagam o preço por uma escolha errada? Um destino? Ou sofrem pela invisibilidade motivada pelo anseio da culpa? Nem sempre existe a possibilidade de um auxílio, e quando esta não ocorre, sinto um lixo. Mas Jesus estamparia esses rostos ignorados, e muito fiel não sabe disso.

Na gringa

Em meio ao caos de Ribeirão Preto, Nogueira realiza mais uma visita ao velho continente. Em suas redes sociais, o prefeito anuncia a participação no evento Smart City Expo World Congress, que está sendo realizado em Barcelona- ESP. No espaço de comentário, as pessoas questionam a real possibilidade de aplicação dos conceitos abordados no encontro, que trata de soluções inovadoras, para a terra do café. 

“Cidade inteligente é um local onde você tem pessoas felizes em uma cidade que funciona”, afirma Nogueira. As eleições se aproximam, e pré-candidaturas estão sendo anunciadas. Telefones tocam e o futuro se aproxima. Qual será o destino de Nogueira? 

Aos moradores, comerciantes, enfermeiros, servidores e tantos outros profissionais de Ribeirão Preto, fica o desejo de sorte. 

 

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