Música

Ícone do Rock e da psicodelia brasileira, Rita Lee é sinônimo de originalidade e ousadia

De acordo com a pesquisadora Norma Lima, a padroeira das ovelhas negras foi uma das artistas mais censuradas durante a ditadura militar

A cantora, compositora, multi-instrumentista, atriz e escritora brasileira Rita Lee Jones de Carvalho, mais conhecida como Rita Lee, é considerada sinônimo de originalidade, ousadia e talento desde a década de 60, época em que fez parte da banda nacional “Os Mutantes”, formada durante o Movimento Tropicalista.

Dona de hits de sucesso durante toda sua carreira musical, foi acompanhada há mais de 40 anos pelo marido instrumentista Roberto de Carvalho. Além de uma trajetória solo marcante, a cantora também foi integrante do grupo “Tutti Frutti” e do conjunto musical “Cilibrinas do Éden”. 

De acordo com Norma Lima, pesquisadora e doutora em literatura da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rita foi uma das artistas mais perseguidas e censuradas durante o período militar, que ocorreu entre 1964 e 1985, comprovando que seu comportamento mais livre e irreverente bateu de frente com o conservadorismo e moralismo da época.

Mesmo longe dos palcos, Rita Lee fez sucesso e gerou entretenimento através de seus comentários cômicos e opiniões ácidas nas redes sociais, que se tornaram memes inesquecíveis, mesmo após seu falecimento. Reconhecida por sua personalidade forte, a feiticeira do Rock acertou em cheio ao escrever músicas sobre liberdade sexual feminina e desconstrução de estereótipos de gênero durante sua carreira.

Segundo o jornalista e publicitário Victor Persico, a importância da cantora para o cenário da música nacional, vai muito além do que se imagina. “Em um país onde o Rock era apenas para homens e as mulheres eram fadadas a cantar músicas de amor ingênuas, a Rita Lee veio e mostrou que não seria bem assim. Ela enfrenta e tem uma atitude enorme. É uma artista fascinante em todas as suas fases”, explica Persico. 

Victor Persico relembra a importância de Rita Lee em tempos de ditadura / Arquivo pessoal

“A Elis Regina dizia: Eu queria ser que nem a Rita Lee, lambendo o microfone em cima do palco, mas tenho medo de levar um choque. Em uma época de ditadura, de censura, ela poder cantar ‘Me pegue de quatro no ato’ é simplesmente genial, causa um choque no tradicionalismo brasileiro”, conclui Victor Persico, criador da página musical “Som da Vitrola”. 

Paixão e admiração 

Arthur Diniz, de 20 anos e natural de Ribeirão Preto (SP), é fã de carteirinha de Rita Lee desde a pandemia. Ele conta que chegou a ir no velório da padroeira das ovelhas negras, realizado no planetário do Parque Ibirapuera, Zona Sul da cidade de São Paulo, em maio deste ano.

Imagem: Arquivo pessoal

Arthur conheceu a ex-vocalista do Mutantes através da história de Elis Regina, que se tornou amiga de Lee durante a época da ditadura militar. “Eu conheci a Rita vasculhando sobre a vida de Elis Regina. Durante a pandemia, comecei a ouvir e me identificar com as músicas dela, me reconheci nelas. Hoje em dia, ela faz parte do meu DNA”, explica. 

“Eu gosto de arte desde pequeno, comecei a criar desenhos e esculturas em homenagem à ela. Além disso, também faço apresentações como drag queen, caracterizado de Rita Lee. Criei uma página e passei a publicar esses trabalhos, que sempre foram vistos e curtidos por ela e sua família. Muitas coisas que estão nas canções dela, me deram força para eu me reconhecer”, conta o fã da cantora.

“Eu gosto de arte desde pequeno, comecei a criar desenhos e esculturas em homenagem à ela. Além disso, também faço apresentações como drag queen, caracterizado de Rita Lee. Criei uma página e passei a publicar esses trabalhos, que sempre foram vistos e curtidos por ela e sua família. Muitas coisas que estão nas canções dela, me deram força para eu me reconhecer”, conta o fã da cantora.

Além de fã, Arthur Diniz realiza apresentações como drag queen em homenagem à Rita Lee / Arquivo pessoal

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