Cotidiano

“Cadê o nome delas? Por que nomes de mulheres são minorias nas ruas de Ribeirão Preto?”

Confira a entrevista especial com a historiadora Nainora Maria Barbosa de Freitas

 

Você já percebeu que a maioria dos nomes homenageados em ruas e avenidas da cidade de Ribeirão Preto são masculinos? Hoje vamos entender o motivo que leva a sociedade a não reconhecer de forma igualitária os feitos de mulheres que marcaram a história do nosso município. Para compreender essa problemática conversamos com a historiadora Nainora Maria Barbosa de Freitas.

1 – Em um contexto geral, é perceptível que existe um número bem superior de ruas que carregam nomes que homenageiam homens, isso se comparado com o de mulheres. Como você analisa esse panorama? 

Normalmente, as nossas Câmaras Municipais têm muito mais homens que mulheres e são eles que indicam os nomes, então óbvio que eles indicam os seus pares e nunca as mulheres.

O fato de que durante muito tempo a mulher quase não tinha vida pública, foi somente nas últimas décadas que elas passaram a atuar em todas as frentes de trabalho.

2 – Esses nomes escolhidos refletem um modelo de comportamento social. Como isso impacta a sociedade?

A gente vê também que parte das vezes as mulheres que são escolhidas para nomes de ruas tiveram que desempenhar algum papel, principalmente social caritativo ou se destacar em alguma área. Assim são professoras nas cidades menores etc.

3 – Para uma mulher ter o nome colocado em uma rua, na maioria das vezes, é preciso que ela tenha feito algo revolucionário. Em contrapartida, temos ruas com nomes de homens com feitos menos significativos e em maior quantidade. Isso reforça esse cenário de machismo construído ao longo dos anos?

É verdade, muitas vezes, a gente vê homens que são nomes de ruas e dos quais ninguém nem conhece, nem sabe nada o que que foi que a pessoa fez.

Às vezes ele simplesmente é pai de algum político, e as mulheres, elas de fato têm que ter tido um trabalho muito relevante para que tenham destaque na sociedade.

4 – Aqui na cidade, existem algumas ruas com nomes femininos bem conhecidos, como o da escritora Carolina Maria de Jesus, da militante Olga Benário e outras. Qual a importância da presença do nome dessas mulheres para a sociedade?

Desse movo, principalmente quando eu olho para Carolina Maria de Jesus, eu vejo que quando nós colocamos esses nomes, eles representam que elas tiveram papel de destaque por conta dos fazeres, dos saberes, daquilo que elas mostraram diante do momento em que elas viveram.

5 – Acredita que no futuro, esse padrão machista existente hoje em dia possa mudar?

Eu acredito que esse padrão machista vai demorar demais para ser mudado. Ainda assim, nós ainda somos um país arraigadamente machista, algumas coisas vão mudando pouco a pouco, mas ela atinge ainda uma parcela pequena da população e numa grande massa dessa população.

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