Nos últimos anos, o mercado de investimentos no Brasil tem testemunhado uma transformação significativa, impulsionada por um crescente número de jovens entrando na bolsa de valores. Em 2023, quase metade dos investidores pessoa física tinham entre 25 e 39 anos, um reflexo claro de que a nova geração está se tornando cada vez mais ativa no mercado financeiro. Além disso, a participação de investidores entre 18 e 24 anos aumentou cerca de 48% entre 2020 e 2021, evidenciando uma mudança de comportamento que vai além da simples adesão aos investimentos, mas também revela uma nova mentalidade em relação ao dinheiro e à construção de patrimônio.
Esse fenômeno, que também inclui um aumento expressivo na participação feminina, especialmente entre as jovens, é um indicativo de que a educação financeira e as novas plataformas de investimento têm cumprido um papel fundamental na democratização do acesso à renda variável. Contudo, entender o comportamento desses jovens investidores se torna essencial para compreender as tendências futuras do mercado. Como esse público lida com o risco, quais são suas expectativas e quais fatores motivam sua decisão de investir? São questões que merecem uma análise mais profunda, já que o perfil desse novo investidor pode redefinir a dinâmica do mercado financeiro no Brasil nos próximos anos.
Para analisar sobre o assunto, entrevistamos o assessor de investimento Elbdelillan Teixeira Menezes.
Quais são os fatores principais que você acredita estarem impulsionando o aumento do número de investidores mais jovens na bolsa de valores brasileira nos últimos anos?
Vejo que as mídias sociais têm um papel fundamental nisso, visto que os jovens têm mais facilidade e familiaridade com elas.
Por serem veículos de comunicação rápidos e eficientes, os profissionais do setor financeiro estão cada vez mais atuantes na produção de conteúdo na internet. Essa pulverização de informação atinge quem mais acessa as redes, os jovens.
Como os perfis de risco e os objetivos de aplicações dos investidores mais jovens diferem dos tradicionais, e como você adapta suas estratégias de assessoria a esse novo público?
Os perfis de risco e os objetivos dos investidores são parâmetros que nem sempre estão relacionados. Tratando-se de risco, busco sempre orientar o investidor a conhecer de fato o risco que está por trás de cada ativo, através de análises profundas do emissor do papel. Já aos objetivos financeiros, uma vez que o investidor conhece e entende qual é o seu, fica mais fácil desenhar a trajetória, seja ela de curto, médio ou longo prazo. A melhor estratégia do meu ponto de vista é o diálogo claro e transparente de ambas as partes, assim, a chance de sucesso frente a expectativa é garantida.
Você acredita que a educação financeira digital e as plataformas de investimento on-line têm desempenhado um papel significativo nesse crescimento? Como essas ferramentas estão moldando o comportamento desses investidores? Com total certeza. Cada vez mais o ser humano busca por praticidade, e isso que as plataformas digitais trazem. Os investidores mais antigos tinham que disponibilizar tempo e se deslocar até seu assessor, para tratativas em relação aos investimentos. Hoje, com acesso a internet, via aplicativo, é possível com poucos cliques, investir o recurso financeiro com muito conforto, e isso sem dúvidas atrai cada vez mais investidores para nossa bolsa.
De que maneira o mercado de ações no Brasil tem se adaptado para atrair esse público mais jovem, especialmente no que diz respeito a custos, acessibilidade e produtos financeiros?
Com a expansão das corretoras em nosso mercado, a concorrência vem se tornando cada vez mais forte, e nessa disputa para ganhar seus clientes, as gestoras buscam chamar atenção do público investidor, e na maioria das vezes é com desconto,
promoção e isenção. Atualmente é comum vermos as plataformas divulgarem por exemplo a ‘corretagem zero’. Corretagem tem o custo atrelado às operações de compra e venda de ações, que antes era cobrado em todas as casas, e que hoje já não mais. Também temos os fundos de investimentos de ações, que fazem o papel semelhante de um condomínio, onde ela arrecada recursos menores de vários investidores, e com o montante acumulado, consegue investir em ativos com custo maior ou em vários ativos, gerando diversificação e retorno significativo na ponta para o investidor.
Qual o impacto que você vê dessa crescente participação de jovens no mercado de ações sobre a dinâmica geral da bolsa de valores e a forma como as empresas se posicionam para atrair esse novo tipo de investidor?
Esse aumento da participação dos jovens na bolsa de valores traz uma série de benefícios para nosso mercado, pois ao entrar neste universo tornando-se um investidor, o jovem passa a aprender sobre a bolsa. Isso melhora a qualidade do nosso sistema financeiro. Outro ponto que vejo é em relação a saúde financeira do país, pois ao aprender e executar estratégias de investimento, com o passar dos anos, o jovem tende a ficar cada vez mais confortável financeiramente, movimentando a economia. O índice de inadimplência tende a diminuir à medida que cresce o número de investidores, e entendendo isso, as empresas estão buscando incentivar as pessoas a investirem.
Para Elbdelillan Menezes, assessor de investimentos, a entrada de novos investidores melhora o mercado financeiro.